Na semana passada, o mercado manteve o foco em um possível fortalecimento do dólar, impulsionado pela crescente demanda por ativos norte-americanos em meio a desafios geopolíticos e econômicos na Europa e outras regiões. O interesse pelo dólar foi reforçado pelo cenário global instável, com investidores buscando segurança em ativos dos Estados Unidos.

O mercado também avaliou os impactos das nomeações feitas pelo governo de Donald Trump, especialmente no que diz respeito às diretrizes de política econômica futura. No entanto, nesta semana, as atenções estarão voltadas para dois eventos de grande relevância: os dados de inflação e a divulgação das atas da última reunião do Federal Reserve. Esses indicadores serão cruciais para sinalizar possíveis ajustes na política monetária do banco central.

Embora o dólar tenha sofrido um leve enfraquecimento hoje, após a nomeação de Scott Bessent como Secretário do Tesouro na administração Trump, ainda é prematuro concluir que o recente movimento de alta do dólar chegou ao fim.

A declaração de Scott Bessent, enfatizando a priorização da estabilidade financeira em detrimento de mudanças econômicas radicais, gerou apreensão entre os investidores. Como reflexo, o dólar perdeu força frente às principais moedas, com ganhos destacados para o euro, a libra esterlina, o dólar australiano e o iene. Simultaneamente, os preços do ouro, tradicionalmente considerados um ativo de refúgio em períodos de incerteza geopolítica, também enfrentaram pressão de baixa.

Com o mercado assimilando essas declarações, a atenção dos participantes se volta agora para os relatórios econômicos de alta relevância nos EUA previstos para os próximos dias. Entre os principais, destacam-se o Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) e sua leitura principal, além dos dados sobre rendimentos e gastos dos consumidores americanos. As atas da última reunião de política monetária do Federal Reserve também serão um ponto de interesse, com o potencial de influenciar as expectativas quanto às futuras decisões sobre taxas de juros.

Na semana passada, o dólar alcançou seu maior nível em dois anos, impulsionado por especulações de que as políticas de Trump poderiam intensificar a inflação e limitar a capacidade do Federal Reserve de reduzir os custos de empréstimos. O Índice do Dólar dos EUA chegou a testar o nível de 108 pontos no índice ICE, mas recuou ligeiramente para abaixo de 107,00. Apesar disso, quedas adicionais são vistas como pouco prováveis. O desempenho futuro dependerá, em grande medida, do relatório do Índice de Preços do PCE, que é esperado para mostrar crescimento consistente. Caso a inflação ao consumidor atenda ou supere as previsões e as folhas de pagamento não agrícolas mantenham sua força, o Federal Reserve poderá adotar uma postura mais cautelosa e pausar os cortes de juros na reunião de dezembro.

A fraqueza do dólar observada hoje parece estar associada à realização de lucros localizados, enquanto os mercados aguardam dados econômicos relevantes dos Estados Unidos. Contudo, olhando para as tendências de médio prazo, é pouco provável que os preços do ouro registrem uma queda acentuada, considerando que as tensões geopolíticas continuam a sustentar sua demanda como ativo de refúgio.

No curto prazo, espera-se que o dólar recupere força, especialmente contra o euro e a libra esterlina, refletindo as persistentes pressões recessivas enfrentadas pela Europa. Em relação ao yuan, projeta-se uma retração localizada frente ao dólar, impulsionada pela política monetária acomodatícia do Banco Popular da China.

Previsões diárias

EUR/USDO: O par registrou uma correção de alta para 1,0500. Se não conseguir quebrar este nível, espera-se uma retomada da queda para 1,0335 e, posteriormente, 1,0300.

XAU/USD: Os preços do ouro encontraram apoio em 2657,85. A forte procura de ouro como um ativo de refúgio sugere que os preços podem recuperar para o nível 2716,00.